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domingo, 5 de junho de 2011

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Não sei por que este medo surdo-mudo
Se tudo parece tão calmo
De todas as situações, revolucionárias ou não,
Esta me parece das menos assustadoras.

Paro, penso, respiro
Repasso e checo cada item da lista de afazeres e compromissos
A banalidade, o tédio, e acima de tudo a miséria

E a sensação de afogamento
Em dívidas, contas, e embalagens vazias como a geladeira
E um cotidiano de acordar cedo, e trabalhar, e dormir

A vida oscila como o cachorrinho enforcado no chaveiro
E a minha vida jaz como a carteira de motorista na carteira
[inútil]

segunda-feira, 30 de maio de 2011

distorcida

Esse frio
  congela até o tempo...
 lembra conforto
- ainda que machucando a espinha a cada gesto.

Mas o vazio
impede qualquer pensamento de se desenvolver
as imagens poéticas em minha mente não podem ser distinguidas senão nessa forma abstrata,
híbrida de imagem - som - textura

e um ritmo caótico de absurdo e Iñárritu

só consigo fugir dessas sensações e gritos internos
- fugir e tapar os ouvidos internos -
entretanto,
   permanece em meu encalço [como Aronofsky]

é uma luta desigual e cega, essa vida.
tenho tanto medo de perecer
e ainda mais de sobreviver.
  não reconhecer minha própria imagem

O espelho é tão difuso
quanto a minha memória
e a minha concentração.

minhas pernas bambeiam
minha voz tremula
mas eu sinto sono
[tanto sono]

quarta-feira, 9 de março de 2011

Diagnóstico


Nenhuma alteração no sangue, fezes ou urina; pulmões limpos de acordo com a radiografia do tórax [frontal e lateral]; eletrocardiograma normal

E ainda assim, não respiro

                                   e durmo demais
                                     e choro demais

Enquanto os outros ardem de febres verdadeiras, e velam noites em confrontos...
...a mim só restam seriados norte-americanos e cinema-cultura de graça pela internet

as páginas dos livros estão todas coladas! as notícias se evaporam no ar!
E o meu currículo - verdadeiro ou falso - não serve pra NADA

Só os gatos vivem
E caçam borboletas e se escondem dos fogos de artifício
Enquanto os bumbos do carnaval gelado dão a tônica da dor
Na minha cabeça

Mas minha cabeça não dói

Tenho dor de dente
Na alma
Que fica no estômago