Hoje durante o almoço alguém do trabalho me perguntou se eu estava"amando". "Você está tão…radiante", disseram. Clichezinho engraçado este de adivinhar quando alguém se apaixona. E geralmente vem com essa história de estar "radiante". Costumam acertar.
Tudo no amor é clichê, brega, vulgar. Curioso: justo quando o que estamos sentindo é precisamente o oposto. Não sei se também não sou eu que sou dura demais com palavras de apaixonados. Sempre tive um pouco de aversão a tudo isso. Sempre evitei as cartas de amor ridículas, e o próprio amor. Sim, eu que sou ridícula, já sei.
Mas estou aqui há 10 linhas enrolando e me perdendo cada vez mais na tentativa suicida de escrever sobre a paixão de maneira descolada, e até agora não passei de um ensaio de coluna zuada de jornal de domingo, daquelas pouco inspiradas em que o cronista nitidamente só quer preencher a lauda de conversa mole do tipo que agrada qualquer um sem impressionar nem incomodar ninguém. Eu ainda estou em situação pior, não tenho nenhuma necessidade desse esforço em me expor ao ridículo, não tenho contrato com jornal nenhum, muito pelo contrário, por sorte poucas pessoas se darão ao trabalho de ler estas palavras. E no entanto, uma força estranha quer que eu grite pra todo mundo saber que nesse momento nada mais no mundo importa tanto quanto a saudade que eu sinto de um certo olhar de doninha e o sorriso mais bonito da face da Terra.