Páginas

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sobre escrever (ou sobre mais uma vez sobre a minha inaptdão para vida)

Por muitos anos escrever havia sido meu porto seguro. Aquela coisa que eu sabia fazer até de olhos fechados e que nunca me deixaria na mão, fosse para organizar meus pensamentos mais confusos, fosse pra expressar idéias ou simplesmente pra tirar uma boa nota e figurar anualmente no ridículo “Livro de redações” do meu pequeno colégio (a saudosa Fundação Educacional Mirassolense). Talvez por isso o curso de jornalismo, a única saída pra minha falta de disciplina para a dança, falta de talento para a música e para as artes plásticas e falta de interesse por qualquer outra área do conhecimento humano às vésperas do fatídico vestibular.
Quatro anos e meio de um curso cheio de problemas, porém uma vivência muito significativa e eu deduzo que me desenvolvi e me tornei melhor do que era antes. Mas eis que agora percebo que não sei escrever porra nenhuma. Tenho sufocado e sucumbido em meio ao turbilhão dos meus pensamentos mas não consigo organizar nem uma única sílaba que preste a partir de tudo isso. E eu não sou a única a notar essa total falta de destreza com as palavras, não se trata de modéstia. Acho que um 0 no vestibular da Unicamp é suficientemente convincente, bem como os posts deste blog.
(quanto a todas as outras formas de expressão, me são inacessíveis, mesmo a mais natural de todas, a conversa de boteco, mas isso não é surpresa, me acompanha desde sempre).
Essa constatação me apavora.
A cada dia que passa a vida me parece mais difícil. Não que não haja surpresas e delícias a cada dia, e momentos de paixão e deleite, e reflexões importantes, epifanias... Mas na maior parte do tempo tenho achado tudo muito difícil. Minha inabilidade com as coisas do mundo só aumenta, e me faz querer morrer. E as mazelas desse sistema de exploração e opressão se expressando em cada detalhe do mundo pra onde eu olhe e impondo sofrimento e miséria a tantos e de tentas formas, e a mim particularmente com muito mais intensidade do que antes.. Tudo me exaspera. E não poder me expressar em nada facilita as coisas...